Ayn Rand e A Revolta de Atlas

(Transcrito, com pequenas modificações e adaptações, do meu blog “Liberal Space” – http://liberal.space)

No artigo seguinte transcreverei um trecho de um romance de autoria de Ayn Rand para dar aos leitores que nunca a leram um gosto de sua prosa.

Rand é uma romancista, filósofa e polemista americana — embora tenha nascido na Rússia (São Petersburgo), em 1905, em lar judeu, com o nome de Alyssa Zinovievna Rosenbaum, só vindo para os Estados Unidos em 1926 — com 21 anos, portanto. Deixou toda a sua família imediata (pais, irmãos e a maior parte dos tios e primos) na Rússia. Dominou a língua inglesa com perfeição e bastante rapidez e fez sucesso escrevendo — sempre em Inglês, nunca em Russo.

O trecho que será transcrito no artigo seguinte mostra a inviabilidade de uma sociedade baseada no princípio “De cada um, conforme sua capacidade, para cada um, conforme sua necessidade”. Em outras palavras, o trecho mostra a inviabilidade do Socialismo.

É um trecho longo. O romance do qual foi retirado é Atlas Shrugged, publicado em 1957. O livro já foi publicado três vezes em Português.

A primeira a publicar o livro foi a Editora Expressão e Cultura, em 1987, no trigésimo aniversário de sua publicação original. A tradução foi de Paulo Henriques Britto. A edição tem 904 páginas, em um só volume, e teve o título de Quem é John Galt?

A mesma edição, com o mesmo título, voltou a ser lançada pela mesma editora em 1999, agora em dois volumes (mas com o mesmo número de páginas total, visto se tratar da mesma diagramação anterior).

Finalmente, a terceira edição foi impressa pela Editora Sextante, com o patrocínio de várias instituições liberais, com destaque para o Instituto Millenium. A tradução é a mesma, mas foi revisada e recebeu nova diagramação. O livro saiu, desta vez, em três volumes, com 352, 382 e 496 páginas, respectivamente, o que traz o total de páginas para 1230. O título em Português foi alterado para A Revolta de Atlas. Em 2010 saiu uma nova impressão, mas agora feita pela Editora Arqueiro, de São Paulo. 

A seguir, transcrevo um artigo meu escrito e publicado (a convite do jornal) na Folha de S. Paulo de 9 de Outubro de 2010, na seção Cifras & Letras, quando do relançamento da terceira edição do livro no Brasil pela Editora Arqueiro, que sucintamente apresenta Ayn Rand e A Revolta de Atlas.

CRÍTICA – LIBERALISMO

Ayn Rand ataca socialismo mostrando greve de patrões

Livro formou economistas como Alan Greenspan, ex-presidente do Fed

Eduardo CHAVES

[ESPECIAL PARA A FOLHA]

A Bíblia do pensamento liberal na segunda metade do século não é um livro de economia ou de filosofia política: é um romance.

Atlas Shrugged, a clássica defesa da liberdade, do individualismo e do capitalismo escrita por Ayn Rand (1905-82), romancista e filósofa russo-americana, acaba de ganhar novo lançamento de sua terceira edição em Português, com novo título: A Revolta de Atlas.

As edições anteriores, publicadas em 1987 (primeira, em um volume) e 1999 (segunda, em dois volumes), e há muito esgotada, tinha o título de Quem é John Galt? A tradução é a mesma, mas foi editada e revisada pela editora Sextante, sendo agora relançada pela Editora Arqueiro. 

Com 1230 páginas na presente edição, o livro tem um enredo extremamente complexo e bem elaborado, que não é possível resumir aqui.

No entanto, uma descrição, ainda que breve, do tema escolhido por Rand dá ideia da dimensão da obra.

Originalmente publicada em 1957, a história se passa nos Estados Unidos, numa época futura em que o país, seguindo o exemplo de países europeus e latino-americanos, caminha para o socialismo e resolve regular totalmente, e assim controlar, a sua economia.

GREVE DOS CHEFES

O livro descreve o que acontece quando aqueles que (como Atlas) sustentam o mundo nas costas resolvem fazer greve, sacudindo o mundo dos ombros e deixando que ele literalmente se dane.

“Vamos ver o que acontece ao mundo quando quem faz greve contra quem” é frase (retirada do livro) que resume o tema da obra.

Entrando em greve, empresários americanos começam a desaparecer, abandonando suas empresas nas mãos de reguladores e controladores estatais. Grandes filósofos, cientistas e artistas também desaparecem, abandonando seus empreendimentos.

O lado otimista da história é que o Estado pode confiscar o patrimônio de empresas e outros empreendimentos, mas não consegue obrigar empresários e outros empreendedores a lhe arrendar suas mentes, sua criatividade, sua competência, seu trabalho.

O Estado, portanto, que fique com os empreendimentos, decidem seus proprietários na história. Mas eles não colocam mais suas mentes a serviço da sustentação de um mundo onde esse tipo de confisco pode acontecer.

(Na realidade, o que deixam para o Estado espoliador não passa da carcaça de empresas e empreendimentos cuja alma eles levaram consigo.)

CAOS

A história narra nos mínimos detalhes o caos que resulta dessa inusitada greve em que aqueles que normalmente são vítimas das greves, os empreendedores e os homens de negócios, retiram do mercado sua mente e seu trabalho, e, no processo, deixam o mundo sem bens, sem serviços, sem empregos.

Quando Atlas faz greve, o mundo literalmente desmorona (mais ou menos como aconteceu com o mundo comunista em 1989).

Ao final da história, quando as luzes do velho mundo se apagam, simbolizando a derrocada que lhe sobrevém quando Atlas deixa de sustentá-lo, a porta está aberta para a construção de um mundo novo: a greve termina e Atlas está pronto para reassumir seu lugar.

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EDUARDO CHAVES foi professor de filosofia da Universidade Estadual de Campinas e, depois de aposentado, leciona filosofia da educação no Centro Universitário Salesiano de São Paulo.

TÍTULO: A Revolta de Atlas
AUTORA: Ayn Rand
TRADUÇÃO: Paulo Henriques Britto
EDITORAS: Sextante e Arqueiro
QUANTO: R$ 69,90 (1230 págs.)

http://www1.folha.uol.com.br/fsp/mercado/me0910201005.htm

Em São Paulo, 9 de Outubro de 2010

Transcrito aqui em Salto, 9 de Janeiro de 2016

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